Entrevista ROBSON FRANCISCO LEITE

A capoeira é nossa

O professor diz que o esporte é 100% brasileiro , defende o fato de que nós deveríamos ser mais nacionalistas e ensina como vencer a discriminação


“Não se faz um atleta da noite para o dia, você tem que trabalhá-lo desde a infância até a fase adulta, prepará-lo”

Conhecido na cidade de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, como professor Arisco, Robson Francisco Leite, pratica capoeira há 30 anos e após muita dedicação se tornou professor da Associação Abadá Capoeira. O significado de "abadá" pode até ser simples, um camisolão usado por uma tribo africana, mas essa simplicidade é esquecida quando se trata de um projeto que une educação e esporte e estimula jovens de diversas idades e comunidades carentes a terem uma melhor perspectiva de vida. Apaixonado pela capoeira desde os sete anos de idade, o professor an-grense se dedica a construir um futuro melhor não só para seus alunos, mas para a sociedade. É com esse objetivo que Arisco frequenta seminários, cursos, viaja por quase todo o Brasil e pretende rodar o mundo em busca de conhecimento. Foi na sede da Associação Abadá Capoeira, um centro de treinamento construído com muito esforço, em Angra dos Reis, que o professor concedeu a seguinte entrevista.


Como funciona o projeto Abadá? É com criança carente, com escolas, é pago, como é realizado?
Bem, nós iniciamos com trabalho voluntário, durante muitos anos, devido a divulgação do traba-lho hoje nós temos apoio da prefeitura municipal de Angra os Reis, temos a vereadora Vilma Santos que apóia nosso trabalho. Começou com dois grupos e hoje tem mais de quinze, com o apoio da prefeitura e da vereadora Vilma. Um dos objetivos do nosso trabalho é incentivar os jovens a estudar. São crianças de baixa renda, de comunidades bem carentes, fazemos prevenção con-tra drogas e preservação do meio ambiente. É um trabalho como um todo, o principal objetivo é contribuir pros jovens serem pessoas de boa índole na sociedade.


Ou seja, não é só a aula de capoeira? É toda uma ajuda pedagógica para esses jovens de comunidades carentes?
Um dos objetivos é contribuir na formação dos jovens. Eu acho que pra poder aprender coisa ruim não precisa entrar numa academia, às vezes a vida ensina e é por isso que temos como objetivo resgatar esses jovens através do esporte e mostrar para eles que há esperança e levantar sua auto-estima, sem estar se envolvendo com coisas erradas, no caminho certo e galgando os seus objetivos para que eles tenham um futuro melhor. Esse é o nosso projeto, contribuir para um jovem melhor.


Seus alunos têm, no geral, de 5 a 17 anos. Quando atingem a idade máxima você continua com eles?
Passando dessa idade continuo. Muitos deles que começaram comigo há 15 anos, hoje são instrutores, profissionais da capoeira. No caso, eles são alunos graduados instrutores. No Abadá Capoeira só existem três mestres, nosso objetivo é fazer com que se valorize o mestre. Para você ser um mestre de capoeira, no meu ponto de vista, você tem que ter um conhecimento mais amplo, uma vivência maior. Então no Abadá nós preservamos a palavra “mestre”, o "ser mestre". Eu, por exemplo, sou professor através da instituição Abadá Capoeira, mas pra você ter um bom trabalho, não precisa ser um mestre de Capoeira, basta você ser um bom profissional, tentar fazer o melhor de si para se tornar um grande capoeirista e um bom profissional que é o que realmente contribui para a sociedade.


Você começou a gingar capoeira aos sete anos de idade, o que te levou a fazer capoeira? O que te atraiu nesse esporte?
Certo dia eu estava passando por uma praça aqui do centro da cidade, ouvi o toque do berimbau, isso me chamou a atenção e parei para assistir. A partir desse momento eu me apaixonei pela capoeira e falei “É isso que eu quero fazer e pretendo nunca mais largar” e estou até hoje.


Quando você iniciou havia esse apoio que o projeto Abadá proporciona hoje em dia?
No passado, a capoeira era muito discriminada. Infelizmente, esse problema é cultural em nosso país, nós somos ensinados a valorizar tudo que vem de fora e desmerecer o que é nosso. Hoje, já houve uma mudança, mas nossas culturas, nossos valores, no geral, ainda não estão no seu devido lugar. Eu lembro que na época, quando eu ouvia rádio, de cada dez músicas que tocavam, nove eram estrangeiras e uma era brasileira e a gente ainda ficava chateado por estar tocando essa música, mas hoje devido a evolução, devido ao aprofundamento do conhecimento da nossa história, estamos valorizando mais nossa cultura. Admiro diversos países lá fora, primeiro vem o que é deles, sem desmerecer o que vem de fora e aqui no Brasil até certo tempo era o que vinha de fora e depois o que é nosso, mas esses valores es-tão se invertendo. Não desmerecendo ninguém, mas acho que nós temos que valorizar a prata da casa primeiro para depois valorizar o que vem de fora.


Por volta dos anos 30, mais ou menos, a capoeira era vista como crime, era considerada um arte marginal e quem gingava podia ser preso por até três meses. Você já sofreu preconceito por fazer capoeira?
Preconceito com certeza sofri pela cor. Eu acho que o brasileiro discrimina tudo, principalmente a raça, mas a gente tem que aprender atra-vés dessa discriminação, a não ficar revoltado, dar a volta por cima e mostrar que nós somos capazes. Por volta de 1930, a capoeira era discriminada, por isso que a capoeira é disfarçada de dança, é uma luta disfarçada de dança, porque no período colonial o negro não podia praticar a capoeira e quando praticava era escondido. E quando o senhor de engenho ou capitão do mato vinha em sua procura ele disfarçava a capoeira em dança, mas na verdade estava praticando a luta para quando fosse preciso ele pudesse se defender.


Quando surgiu a iniciativa do projeto Abadá?
Quando passo a fazer alguma coisa, eu faço com o objetivo de a cada dia subir um degrau. Desde o primeiro dia que eu vi a capoeira, com toda discriminação eu olhei e falei “é isso que eu quero pra mim”,” eu quero ser um profissional”. Na época, meus amigos falavam que não ia dar futuro, que era coisa de vagabundo, aquela discriminação de sempre, mas eu falei “não, é isso que eu quero ser”, “por que eu não posso ser?”. Eu sou uma pessoa determinada, então desde quando eu iniciei, tive esse objetivo de ser um profissional da área e através dela fazer com que as pessoas gostassem da capoeira. Amenizar um pouco a discriminação e procurar analisar porque as pessoas discriminavam. Hoje a capoeira é mais bem vista na sociedade devido ao trabalho social, a postura do capoeirista dentro e fora da academia melhorou. Até porque, procuramos fazer um trabalho de prevenção contra drogas, preservação do meio ambiente e com isso mostrar pra socieda-de que a capoeira pode contribuir muito. Trabalhamos com criança especial, o que eu acho muito importante porque nem todo mundo aceita trabalhar com essas crianças e eu faço isso com carinho e com amor. A capoeira nunca discrimina ninguém, ela é discriminada, às vezes, por muitos, mas ela nunca discrimina ninguém. É aceito tudo, independente da raça, da religião ou da sua limitação física.


Hoje em dia você participa de campeonatos ou prefere só ensinar?
Eu já participei muito, de vários campeonatos: Nacional,Internacional, Municipal e hoje eu sou técnico, eu incentivo meus alunos a participarem. Tenho vários alunos que se destacaram no Brasileiro, nos Jogos internacionais, jogos brasileiros, jogos do interior, fiz cinco campeonatos no nosso município e hoje eu sou mais técnico do que participo. Mas a gente sente falta! Porque quando você gosta, você quer participar da capoeira como um todo, seja numa apresentação, na rua, num clube ou num campeonato. Mas a gente tem um período. A idade vai chegando, tem que passar a bola! E tem a nova geração que está vindo agora, tenho que dar oportunidade para eles! E até mesmo porque a equipe tem limite de pessoas, então conforme a idade chega a gente vai dando oportunidade para eles também fazerem a história deles.


A capoeira é um esporte praticado em mais de 50 países, mesmo assim ela ainda não se tornou esporte olímpico. Você tem esperança de que se torne? Por que você acha que isso não aconteceu ainda?
Existem várias Federações de capoeira, qual é a associação ou federação que vai criar um método de organização para que a capoeira se torne um esporte olímpico? As pessoas que vão apoiar, os empresários no geral, vão apoiar no período olímpico ou vão apoiar o ano inteiro. Porque não se faz um atleta da noite pro dia, você tem que trabalha-lo desde a infância até a fase adulta, prepará-lo. Vai ter escolinha preparando essas pessoas, dando estudo, alimentação, professor de educação física, enfim, toda a estrutura necessária para esse aluno se tornar um grande atleta, como faz Estados Unidos, Alemanha, França e países de primeiro mundo? Ou vai aproveitar só alguns meses antes das Olimpíadas? Se for dessa forma eu sou contra, como eu tenho visto vários atletas de várias modalidades esportivas que só são lembrados em período olímpico. Infelizmente, alguns dão oportunidade para essas pessoas tirarem proveito. Se tentar fazer isso comigo... Não arruma nada! Eu jamais ia dar oportunidade para fazerem isso comigo.


Angra dos Reis é uma cidade voltada para o turismo e existem muitos estrangeiros que vêem rodas de capoeira por aqui. Os estrangeiros se interessam pela capoeira?
Tenho vários amigos que estão no exterior dando aula de capoeira, inclusive muito bem. Foram bons profissionais que aqui no Brasil não tiveram êxito na profissão e contra vontade deles, foram obrigados a irem pro exterior porque lá eles dão muito valor a nossa cultura e lá você realmente tem valor. Agora, por exemplo, tem uma semana que eu cheguei da Europa, fui pra Bélgica, pra frança, pra Áustria, Suécia e Alemanha. O meu sonho era dar uma rodada fora do nosso país pra saber como era a aceitação da nossa cultura lá. E eu me senti bem à vontade porque realmente eles dão muito valor e mais do que o brasileiro, infelizmente. E tive várias propostas pra ficar lá, porque eles quando encontram o profissional da capoeira eles querem segurar porque eles têm dinheiro para isso e eles gostam muito!


Todo esporte tem um órgão que o regulamenta e a capoeira ainda não tem esse órgão que organiza o esporte no Brasil e no mundo. Você acha que é necessário e que iria ajudar na divulgação ter o apoio desse órgão? Iria incentivar mais pessoas a praticar o esporte?
No caso do Abadá Capoeira nós temos a nossa Federação e a Associação de Capoeira, então nós estamos afiliados a uma Associação e Federação, ou seja, se tem uma Associação e Federação nós somos oficializados. Então, todos os integrantes do Abadá têm um cadastramento na Federação e para qualquer curso que o capoeirista vá participar ele entra em contato com a instituição e ela dá a liberação ou não pra a participação, mas geralmente a própria instituição já oferece cursos, seminários e viagens pra podermos aperfeiçoar nosso conhecimento. E cada instituição, hoje, tem uma associação e o Abadá é uma delas.


Existem duas teorias sobre a capoeira, uma é de que ela veio da África com os escravos e a segunda de que na verdade ela surgiu no Brasil e os negros dançavam para expressar o desejo de liberdade. Qual das duas teorias você acredita?
A capoeira é arte, é dança, é luta, é acrobática, é música, é cultura, é folclórica e luta. Muita dizem que o negro veio da África, o negro foi arrancado de lá, vindo contra sua vontade pra trabalhar nos canaviais, nas fazendas. Na África, muitos deles eram reis, tinham sua liberdade, eram pessoas felizes e quando foram trazidos aqui pro Brasil, através de navios negreiros ou tumbeiros, tumbeiro porque lembra tumba, viraram escravos. Então aqui, nos raros momentos vagos, procuravam se divertir através da dança, de sua cultura pra lembrar-se da África, dos seus parentes, da comida, da cultura. Então era uma válvula de escape que o fortalecia pra continuar no dia seguinte a luta, o trabalho árduo, sem direito a alimentação, o negro só tinha direito a apanhar e trabalhar, mais nada. Muitas pessoas têm duvida se a capoeira é brasileira ou africana. Ela é afro-brasileira. É como se ela tivesse engravidado na África e nascido no Brasil, mas especificamente como a Capoeira, na África, não tinha. Porque a capoeira é cultura africana aqui no nosso pais. Na África, devido à rivalidade das tribos, que hoje são países, não se misturavam as culturas. Com a escravidão aqui no Brasil, os negros ficavam juntos, não tinham opção. Hoje existem diversos professores de capoeira dando aula na África, mas igual a capoeira brasileira não existia.


Daiana Rocha Santos

08 junho 2010

Lição de Casa

Filho desnaturado espanca o irmão e tenta matar a mãe

Tentativa de homicídio aconteceu depois que ela o denunciou ao Conselho Tutelar

Moradores do Capão Redondo ficaram revoltados, no dia 22, quando por volta das 11 horas um menor infrator tentou matar a própria mãe, a tiros e espancou o irmão de apenas 3 anos de idade. A ocorrência foi comunicada à 166ªDP pelo padastro do agressor, Heitor da Silva Reis Filho, de 51 anos.

Ele disse que o tal menor, conhecido como Gaguinho, ao saber que sua mãe, cujo nome não foi revelado, o denunciou ao Conselho Tutelar, disparou vários tiros de revólver contra ela, errando o alvo por pouco.

Como ela conseguiu escapar, o autor dos disparos descarregou sua ira contra o irmãozinho de apenas 3 anos, espancando-o.

A polícia está à procura do menor infrator, e espera detê-lo antes que ele consiga assassinar aquela que o colocou no mundo.

Entrevista - Rodrigo Oliveira
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O AMADOR E A CANOAGEM

O canoísta fala sobre os benefícios do esporte radical e faz crítica sobre a divulgação
da canoagem no Brasil

Líder de uma equipe de canoagem amadora (R&A Expedições), o paulistano Rodrigo Oliveira, de 27 anos, profissionalmente exerce o cargo de faturista em uma empresa de São Paulo (SP). Nesta entrevista, ele conta sua trajetória como amador no esporte radical, enfatizando os benefícios que se encontram para a saúde e o bem estar pessoal.

Com quatorze anos de idade, começou sua aventura pela cidade de Paranapiacaba, próxima a Santo André (SP), participando de trilhas e acampamentos sem monitoração. Conhece os esportes de rapel, tirolesa, cavernismo, arvorismo e canoagem, criando assim uma paixão declarada pelos esportes radicais. Sua atividade atual é a canoagem; sem objetivo de competitividade, ele e sua equipe remam em rios, riachos e até mesmo em mares, por divertimento, apreciação da natureza e ciente das vantagens que o esporte proporciona para a saúde.

O que é esporte radical na sua visão?
Costumo dizer que para classificarmos um esporte como radical é relativo, porque a definição de esporte radical seria: o esporte de alto risco que mescla adrenalina, medo, insegurança, vontade, curiosidade, stress, satisfação. Enfim, uma série de sensações, muitas indefinidas por palavras e expressadas por atitudes e gestos. Engraçado isso. É relativo por se tratar de atividades que mexem com o psicológico do ser humano, nos fazendo superar todos os tipos de adversidades.

Turismo e aventura é uma especificidade da canoagem que não se enquadra nos padrões de desporto de competição. Em sua visão,
Quais são os benefícios da prática sem a competição?
Bom, canoagem é um esporte muito antigo e descende dos nossos antepassados, hoje é um esporte olímpico e com muita tradição em países; existem várias competições que envolvem canoagem: as modalidades olímpicas, provas de velocidade, maratonas etc.
Pra mim só existe benefício na canoagem, afinal se trata de um esporte; principalmente quando praticado em ambientes naturais, podemos estar em lugares jamais habitado por pessoas, lugares preservados em meio a florestas tropicais, desde uma simples remada na natureza para curtir ar puro, como em expedições amadoras para transpor objetivos e metas pessoais. Enfim, é maravilhoso!

A canoagem é um dos esportes que faz a junção da aventura com a
contemplação da natureza. Você acha importante essa aproximação do homem com a natureza?
Extremamente importante, ainda mais nos dias de hoje; vivemos em um mundo onde poucos respeitam a natureza, poucos se importam com nossos rios e nossas matas. Costumo dizer que a pessoa que começa a remar adquire rapidamente um espírito de proteção ao meio ambiente, pois quem rema não suporta entrar em um rio poluído, ou em uma represa contaminada; quem rema não suporta encontrar em nossas águas, lixos flutuando ou nas margens, portanto, quem pratica um esporte em ambiente natural automaticamente está contribuindo com a preservação ambiental do nosso país.

O Brasil tem hoje, muitos profissionais da canoagem competitiva, representantes de gloriosas medalhas internacionais. Como canoísta amador, você acha que a divulgação do esporte ainda é reduzida?
Eu não diria reduzida, mas quase extinta, quando ouvimos ou assistimos que vai acontecer uma copa Brasil de canoagem? O meio de comunicação que mais divulga a canoagem hoje no Brasil é a internet, através de sites de confederações, mas muito pouco.
Hoje ligamos a televisão em qualquer canal que envolva esporte, eu posso contar nos dedos de uma mão as vezes que vi canoagem relacionada, eu como amador e apaixonado pela canoagem, não consigo deixar de manifestar minha indignação por conta dos meios de comunicação, chega ser absurdo, mas a televisão transmite campeonatos de outras modalidades que nunca existiu no Brasil, nada contra outras modalidades esportivas. Mas é um absurdo ligar a TV e acompanhar uma partida de Curling entre Suécia e Canadá, ou jogos de Sinuca.
Minha indignação é pelo simples fato de existir pouca divulgação e incentivo para a canoagem, precisamos de mais visibilidade, nosso país é riquíssimo em rios, lagos, represas sem contar a nossa costa marítima, alguém já assistiu um jogo de caiaque pólo? Ou uma prova de slalom? Waviski? Vamos tentar organizar um evento de canoagem pra ver quem patrocina? Não existe interesse em patrocinar um esporte que poucos conhecem, aí eu me pergunto: Não dá audiência por que as pessoas não gostam? Ou não gostam por que não conhecem? Enfim, poderia ficar horas falando sobre o assunto.

Você chegou a praticar outros esportes radicais como Rapel, Arborismo, Cavernismo, Tirolesa etc. O que a Canoagem tem de diferente no sentido emocional? É a mesma adrenalina?
Eu diria que o sentimento é bem parecido, afinal é muito emocionante poder concluir bem uma descida de rapel, uma exploração em caverna etc., mas com relação às expedições de canoagem, para mim, são um pouco mais prazerosas, mas isso é particularidade mesmo, depende dos motivos de cada pessoa, classifico mais prazerosa pelo fato de absorver muito mais as maravilhas da natureza, não sei se pelo ritmo da remada, mas normalmente fazemos expedições longas, onde podemos apreciar a fauna e a flora dos rios, costumo dizer que um rio é sempre diferente porque você não sabe o que pode encontrar após a próxima curva, seja animal, corredeira, obstáculos até mesmo a beleza visual, conforme vamos contornando temos um novo cenário de rara beleza.

Os envolvidos na prática da canoagem empregam seus esforços em “passeios” de longa distância que trazem enormes benefícios ao sistema cardiopulmonar. E seu estado físico? Como é a preparação inicial e após as remadas?
Meu preparo físico considero bom, não só antes das expedições mas normalmente tento levar uma vida saudável, alguns esportes, academia mais para manter a forma e sair do sedentarismo, tudo isso acompanhado de uma boa e educada alimentação.
Mas confesso que as semanas que intercedem uma longa expedição, me preparo melhor, fazendo remadas mais curtas de adaptação, uma boa alimentação caprichando nas frutas, verduras e legumes, e também preparação psicológica para a longa jornada, o que eu considero um dos fatores mais importantes das longas expedições.

E nessas expedições consideradas longas, como você se alimenta e realiza suas necessidades físicas?
Nossa alimentação nas expedições depende muito de cada remador, eu por exemplo, procuro levar alimento pra mais um dia, alguns acham exagero, mas melhor sobrar do que faltar, normalmente calculamos o tempo de remada e fazemos a parada para alimentação, nem sempre precisamos estar com fome para nos alimentar, normalmente uma expedição que envolve 8 horas remando, fazemos três paradas de aproximadamente 30 minutos cada.
As "necessidades físicas" são realizadas junto com as paradas, na maioria das vezes a moda antiga, o mais popular "no mato", mas sempre que temos oportunidade de parar próximo a propriedades particulares, pedimos sua licença para o uso. Risos.

Você trabalha como faturista em uma empresa de comércio na cidade de São Paulo. Há alguma relação entre suas duas atividades?
A única coisa em comum é que gosto do que faço, mas a relação não existe. Além de encontrar a paz interior, a satisfação em estar em ambientes naturais praticando uma atividade maravilhosa, desfrutando de lugares lindos, hoje percebo que minhas remadas me ajudam muito com relação ao meu trabalho, antes das remadas trabalho feliz, animado, pensando e programando a próxima expedição e após a expedição trabalho feliz, recordando os bons momentos.

Você pensa em algum dia trabalhar apenas com esportes radicais ou especificamente com canoagem?
Olha, penso bastante em trabalhar com esportes, principalmente esportes de aventura, já com relação à canoagem acho um pouco mais difícil, devido à falta de recurso que existe para com a canoagem, falta divulgação do esporte; nós que estamos “curiando” por aí, sempre ficamos sabendo de algumas coisas que estão acontecendo, mas é muito difícil, hoje vejo que quem trabalha com canoagem, digo pessoas que preparam atletas, que coordenam projetos sociais, fazem pelo amor ao esporte por que com relação a ganhos pessoais acho que não compensa. Mas quem sabe as coisas não mudam? E com certeza seria a realização de um sonho, ou melhor, muitos sonhos.

Sua família apóia seus projetos e trabalhos?
Minha família sempre apoiou em meus projetos, acho que sem a base deles não teria realizado metade das aventuras que fiz; os considero responsáveis pela minha felicidade, não só me apóiam como me ajudam sempre, até mesmo quando preciso de pessoas para colaborar nas expedições, para coordenar logística ou mesmo no apoio por terra, só tenho que agradecer por tudo que fazem por mim.

O que é mais difícil dentro de uma expedição de canoagem ou em outro esporte radical?
Acho que o mais difícil em uma expedição, sendo de canoagem ou não, é encontrar os parceiros certos, pois sempre temos muitas opções de expedições, mas nem sempre é possível pra todos, seja por questão financeira, falta de tempo, falta de vontade de alguns, então, acho que o primordial para que exista uma expedição, é você ter a colaboração de mais pessoas no projeto, e que todas as pessoas envolvidas tenham uma sintonia e o prazer em participar, desde canoístas a pessoas que colaboram com o apoio terrestre a pessoas que muitas vezes apenas nos dão incentivo moral.

A sua aventura mais recente foi denominada como “A expedição dos sonhos”. Como foi esta expedição e qual o significado do título?
O significado do título deve-se a um projeto antigo. Dois anos atrás, Alexandre e eu na curiosidade de encontrar trajetos navegáveis pelos rios de São Paulo. Entre os trajetos que mapeamos encontramos um que demos o nome de Vale do Ribeira.“A Expedição dos Sonhos" seria por vários fatores: primeiro por se tratar de um rio muito valioso do nosso estado, por muitos anos ser a fonte de vida para os ribeirinhos (população de Ribeira), por ser uma região maravilhosa que é conhecida como PETAR (Parque Estadual Turístico Alto do Ribeira) e por ficamos intrigados pelo trecho navegável desse rio, que para nós seria uma loucura, mas ao mesmo tempo um sonho, desde então, ganhou o nome de "A Expedição dos Sonhos".
Desbravamos nos preparativos. Praticamente um mês e meio programando toda a logística da expedição, como pessoas envolvidas, captação de recursos através de parcerias, estratégias de resgate, programação de rotas alternativas, reuniões com os carros de apoio etc.
Confesso que tivemos surpresas, no primeiro dia nos deparamos com um rio mais agressivo do que nos depoimentos que tínhamos sobre o primeiro percurso: algumas corredeiras, águas turbulentas, rodamoinhos, galhos caídos, conseqüentemente alguns tombos, mas nada fora do normal, ainda bem!
Nosso primeiro dia foi o mais complicado, pois entramos na água com objetivo traçado de remar 82 km; saímos da cidade de Iporanga com destino a Eldorado, deu tudo certo, chegamos ao cair da noite, meta concluída, motivo de muita comemoração, e o cansaço falando alto, mas o maior trecho já foi conquistado, restavam aproximadamente 80km pra percorrer até a cidade de Registro, mas tínhamos dois dias para o feito, levamos uma vantagem que nos deu a liberdade de entrarmos na água por volta de 12:00 do segundo dia de expedição. Remamos mais uns 40 km até nossa próxima cidade, Sete barras, onde ficamos hospedados. E enfim o último dia, entramos 7h00 da manhã na água, na cidade de Sete Barras, mais uns 35 km até Registro. Lá fomos recebidos com uma grande festa e comemoração por parte das pessoas que nos ajudaram ao longo da expedição, muitas buzinas, gritos de incentivo, realmente emocionante, não poderia ter sido melhor, foi realmente "A Expedição dos Sonhos"

Você sente ou já sentiu medo em alguma dessas aventuras?
Se eu falar que não é mentira, e não são poucos. Quando estamos remando, posso garantir que os medos são mínimos com relação à navegação, sentimos medo se avistamos uma corredeira um pouco mais forte, quando um dos caiaques vira, sabemos possíveis riscos, sempre fazemos com a máxima precaução e nos atentamos aos equipamentos individuais de segurança, mas como se trata da natureza, tudo pode acontecer.
Preocupamo-nos mais quando precisamos acampar nas margens de um rio, onde não há civilização próxima, normalmente locais com grande circulação de barcos motorizados ficamos com certo receio devido a tanta violência; nos preocupamos muito com a equipe de apoio, muitos pensamentos de como será que estão? Será que estão nos acompanhando? Coisas que fazem parte.



João Pontaltti e Danilo Cardoso

19 maio 2010

Carta Argumentativa

Prezado Sr. Aristides Junqueira

Constitui-se de muito descontentamento para mim o artigo de sua autoria, publicado no jornal O Estado de São Paulo. Dadas as circunstâncias, não pude deixar de mostrar-lhe minha desaprovação sobre sua versão dos motivos pelos quais os eleitores votam em branco ou nulo.

O Brasil, como o senhor sabe, já viveu períodos em que não podíamos sequer demonstrar nossa preferência política. A ditadura varreu a democracia para de baixo do tapete por longos anos e fez com que tivéssemos que lutar arduamente para trazê-la de volta. Desse modo, não acho que há descaso por parte dos eleitores ao votar em branco. Tenho absoluta certeza de que se houvessem políticos sérios, determinados a defender nosso país e os direitos dos cidadãos, todos teriam um imenso prazer em escolher nossos governantes.

E o que dizer sobre o que o senhor pensa dos nulos? Acredito que não precisamos distinguir as intenções dos eleitores que optam por votar nulo, afinal, se essa opção é utilizada é sinal de que o eleitor realmente não escolheu um candidato, ou seja, nenhum foi digno de seu voto. Penso que o voto nulo é uma verdadeira forma de dizer claramente que não estamos satisfeitos com nossos candidatos.

Respeitosamente, sou contra o voto obrigatório. Porém, tenho que admitir que o que falta em nós, brasileiros, é educação política e, é claro, nacionalismo. Certamente, se possuíssemos esses dois itens, o Brasil seria como muitos países desenvolvidos, onde o voto é facultativo e mesmo assim a população impulsiona o governo e luta por seus candidatos.

Termino afirmando, senhor Aristides, que votar em branco ou nulo não é vergonha nem falta de cidadania, é apenas uma forma de mostrar que queremos uma reciclagem de governantes, para, quem sabe um dia, termos um país melhor.

Daiana Santos, 21 de Maio de 1995

Uma descrição clara sobre fragmentação cultural do Brasil, seu explendor natural um tanto nostálgico e irreverente pela sua fauna e flora exuberantes, mas com uma política controversa e arcaica favorecendo uma "liturgia utópica" que só existe em teoria, mas não em prática, empregada na sociedade vigente apoiada em abuso das crenças locais.

Textos com ambiguidade - Notícias Populares

Cachorro come mais uma pessoa em SP

A polícia investiga as circunstâncias da morte de uma mulher de 33 anos, ocorrida no final da tarde de segunda-feira (5) em Francisco Morato (Grande São Paulo). Há suspeitas que ela tenha sido atacada pelo próprio cão, de médio porte.

Ela foi encontrada no quintal da casa e tinha o rosto desfigurado, mas a causa da morte ainda depende de laudo.

Informações passadas à polícia apontam que a vítima sofria de epilepsia. Ainda não há confirmação se ela estava consciente no momento do ataque. O cão seria da raça pastor belga.



Homem comido por rotwailler recebe alta
O servidor público Fernando Cabral, 47 anos, que foi atacado por dois cachorros rottweillers na tarde de sexta-feira, em Santo André, recebeu alta do Hospital Christóvão da Gama na manhã de sábado e passa bem. Ele foi submetido a uma cirurgia de quase três horas para reconstruir as safenas e músculos das pernas, que foram dilacerados pelos cães.

Cabral foi atacado pelos animais dentro de um ferro-velho, na rua Lauro Gomes, no bairro Valparaíso. Os cachorros, que estavam presos atrás de duas grades, escaparam e foram para cima de Cabral. "Na hora não senti dor. Tanto que andei alguns metros para ligar na minha casa. Só começou a doer quando estava sendo levado para o hospital pelo resgate", disse. Ele fez questão de isentar de culpa o dono do ferro-velho.

A preocupação agora é com infecções. "Estou tomando antibióticos e o médico recomendou repouso para não infeccionar."

Nota Morro do Bumba
No dia 7 de Abril de 2010 houve um deslizamento de terra no morro do Bumba localizado no município de Niterói no estado do Rio de Janeiro. A tragédia deixou 163 pessoas mortas, 51 feridas e 40 casas atingidas, conforme os dados levantados pelas autoridades da Defesa Civil.