19 maio 2010

Carta Argumentativa

Prezado Sr. Aristides Junqueira

Constitui-se de muito descontentamento para mim o artigo de sua autoria, publicado no jornal O Estado de São Paulo. Dadas as circunstâncias, não pude deixar de mostrar-lhe minha desaprovação sobre sua versão dos motivos pelos quais os eleitores votam em branco ou nulo.

O Brasil, como o senhor sabe, já viveu períodos em que não podíamos sequer demonstrar nossa preferência política. A ditadura varreu a democracia para de baixo do tapete por longos anos e fez com que tivéssemos que lutar arduamente para trazê-la de volta. Desse modo, não acho que há descaso por parte dos eleitores ao votar em branco. Tenho absoluta certeza de que se houvessem políticos sérios, determinados a defender nosso país e os direitos dos cidadãos, todos teriam um imenso prazer em escolher nossos governantes.

E o que dizer sobre o que o senhor pensa dos nulos? Acredito que não precisamos distinguir as intenções dos eleitores que optam por votar nulo, afinal, se essa opção é utilizada é sinal de que o eleitor realmente não escolheu um candidato, ou seja, nenhum foi digno de seu voto. Penso que o voto nulo é uma verdadeira forma de dizer claramente que não estamos satisfeitos com nossos candidatos.

Respeitosamente, sou contra o voto obrigatório. Porém, tenho que admitir que o que falta em nós, brasileiros, é educação política e, é claro, nacionalismo. Certamente, se possuíssemos esses dois itens, o Brasil seria como muitos países desenvolvidos, onde o voto é facultativo e mesmo assim a população impulsiona o governo e luta por seus candidatos.

Termino afirmando, senhor Aristides, que votar em branco ou nulo não é vergonha nem falta de cidadania, é apenas uma forma de mostrar que queremos uma reciclagem de governantes, para, quem sabe um dia, termos um país melhor.

Daiana Santos, 21 de Maio de 1995

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